Suplementação de arginina melhora sobrevida de pacientes com câncer de cabeça e pescoço
Autor(a): Rita de Cássia Borges de Castro
www.nutritotal.com.br
Estudo publicado na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition concluiu que a suplementação perioperatória de arginina aumentou a sobrevida de pacientes desnutridos com câncer de cabeça e pescoço.
O objetivo deste estudo foi analisar a sobrevida em longo prazo (≥10 anos) de pacientes desnutridos submetidos à cirurgia de cabeça e pescoço que receberam alimentação enteral enriquecida com arginina ou do tipo padrão. Além disso, foram analisadas a recidiva loco-regional, metástases à distância e as causas de morte desses pacientes.
O estudo foi prospectivo, randomizado, duplo-cego e controlado. No período de 1994 a 1997 foram estudados trinta e dois pacientes submetidos à cirurgia para câncer de cabeça e pescoço.
Os pacientes foram aleatoriamente distribuídos em dois grupos: grupo arginina e grupo controle. O grupo arginina (n = 17) recebeu nutrição enteral no pré e pós-operatório em que 41% da caseína foi substituída pela arginina (12,5 g/L), enquanto o grupo controle (n = 15) recebeu nutrição enteral pré e pós-operatória com fórmula padrão. No pós-operatório ambos os grupos receberam dieta após 10 dias da cirurgia.
Os resultados mostraram que: o grupo que recebeu nutrição enriquecida com arginina teve sobrevida global (está relacionada à morte sem verificar o motivo) significativamente melhor (p=0,019), como também melhor sobrevida específica (está relacionada exclusivamente a doença, neste caso o câncer) (p=0,022). A sobrevida global foi de 34,8 meses no grupo arginina e 20,7 meses no grupo controle, enquanto que a sobrevida específica da doença foi de 94,4 e 20,8 meses, respectivamente. Além disso, o grupo suplementado com arginina apresentou números significativamente maiores de sobrevida livre de recidiva loco-regional (p=0,027). Apenas não houve diferença significativa entre os grupos na ocorrência de metástases à distância ou na ocorrência de um segundo tumor primário.
Os mecanismos pelos quais os resultados positivos foram encontrados ainda permanecem especulativos, mas os pesquisadores propõem uma interação entre a arginina e a melhora da resposta imunológica em combate ao tumor. As concentrações plasmáticas reduzidas de arginina em pacientes com câncer indicam que o metabolismo deste aminoácido é alterado na presença de neoplasia maligna. Estudos científicos anteriores relataram que a suplementação com arginina no pós-operatório de pacientes com câncer de cabeça e pescoço melhora os resultados em curto prazo, como melhora no processo de cicatrização, menores taxas de fístula e menor tempo hospitalização.
Apesar dos avanços terapêuticos, a sobrevida de pacientes com câncer de cabeça e pescoço ainda é baixa. A incidência de complicações pós-operatória nesta população é de 20-50%, o que leva a longos períodos de internação hospitalar e pior prognóstico.
A desnutrição é um dos fatores que contribui para pior morbidade. Estudos relatam desnutrição em 35-50% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço, particularmente nos casos de carcinoma epidermóide das áreas da orofaringe e hipofaringe.
“Nosso estudo foi o primeiro a mostrar que uma intervenção nutricional pode melhorar a sobrevida, por meio de nutrição enteral enriquecida com arginina, antes e após a cirurgia. O estudo é inovador porque envolveu a suplementação de único nutriente, os grupos foram homogêneos e o tempo de acompanhamento foi considerável. Portanto, os efeitos em longo prazo da suplementação de arginina devem ser considerados promissores”, comentam os autores.
“Este estudo sugere que a arginina pode ser um nutriente valioso no tratamento do câncer de cabeça e pescoço. Esta intervenção aparentemente simples é sugerida para melhorar o prognóstico destes pacientes. Estudos maiores são necessários para confirmar nossos resultados e para esclarecer os mecanismos da atividade terapêutica da arginina em células tumorais e na função imunológica”, concluem.
Referência(s)
Buijs N, van Bokhorst-de van der Schueren MA, Langius JA, Leemans CR, Kuik DJ, et al. Perioperative arginine-supplemented nutrition in malnourished patients with head and neck cancer improves long-term survival. Am J Clin Nutr. 2010;92(5):1151-6.
O objetivo deste estudo foi analisar a sobrevida em longo prazo (≥10 anos) de pacientes desnutridos submetidos à cirurgia de cabeça e pescoço que receberam alimentação enteral enriquecida com arginina ou do tipo padrão. Além disso, foram analisadas a recidiva loco-regional, metástases à distância e as causas de morte desses pacientes.
O estudo foi prospectivo, randomizado, duplo-cego e controlado. No período de 1994 a 1997 foram estudados trinta e dois pacientes submetidos à cirurgia para câncer de cabeça e pescoço.
Os pacientes foram aleatoriamente distribuídos em dois grupos: grupo arginina e grupo controle. O grupo arginina (n = 17) recebeu nutrição enteral no pré e pós-operatório em que 41% da caseína foi substituída pela arginina (12,5 g/L), enquanto o grupo controle (n = 15) recebeu nutrição enteral pré e pós-operatória com fórmula padrão. No pós-operatório ambos os grupos receberam dieta após 10 dias da cirurgia.
Os resultados mostraram que: o grupo que recebeu nutrição enriquecida com arginina teve sobrevida global (está relacionada à morte sem verificar o motivo) significativamente melhor (p=0,019), como também melhor sobrevida específica (está relacionada exclusivamente a doença, neste caso o câncer) (p=0,022). A sobrevida global foi de 34,8 meses no grupo arginina e 20,7 meses no grupo controle, enquanto que a sobrevida específica da doença foi de 94,4 e 20,8 meses, respectivamente. Além disso, o grupo suplementado com arginina apresentou números significativamente maiores de sobrevida livre de recidiva loco-regional (p=0,027). Apenas não houve diferença significativa entre os grupos na ocorrência de metástases à distância ou na ocorrência de um segundo tumor primário.
Os mecanismos pelos quais os resultados positivos foram encontrados ainda permanecem especulativos, mas os pesquisadores propõem uma interação entre a arginina e a melhora da resposta imunológica em combate ao tumor. As concentrações plasmáticas reduzidas de arginina em pacientes com câncer indicam que o metabolismo deste aminoácido é alterado na presença de neoplasia maligna. Estudos científicos anteriores relataram que a suplementação com arginina no pós-operatório de pacientes com câncer de cabeça e pescoço melhora os resultados em curto prazo, como melhora no processo de cicatrização, menores taxas de fístula e menor tempo hospitalização.
Apesar dos avanços terapêuticos, a sobrevida de pacientes com câncer de cabeça e pescoço ainda é baixa. A incidência de complicações pós-operatória nesta população é de 20-50%, o que leva a longos períodos de internação hospitalar e pior prognóstico.
A desnutrição é um dos fatores que contribui para pior morbidade. Estudos relatam desnutrição em 35-50% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço, particularmente nos casos de carcinoma epidermóide das áreas da orofaringe e hipofaringe.
“Nosso estudo foi o primeiro a mostrar que uma intervenção nutricional pode melhorar a sobrevida, por meio de nutrição enteral enriquecida com arginina, antes e após a cirurgia. O estudo é inovador porque envolveu a suplementação de único nutriente, os grupos foram homogêneos e o tempo de acompanhamento foi considerável. Portanto, os efeitos em longo prazo da suplementação de arginina devem ser considerados promissores”, comentam os autores.
“Este estudo sugere que a arginina pode ser um nutriente valioso no tratamento do câncer de cabeça e pescoço. Esta intervenção aparentemente simples é sugerida para melhorar o prognóstico destes pacientes. Estudos maiores são necessários para confirmar nossos resultados e para esclarecer os mecanismos da atividade terapêutica da arginina em células tumorais e na função imunológica”, concluem.
Referência(s)
Buijs N, van Bokhorst-de van der Schueren MA, Langius JA, Leemans CR, Kuik DJ, et al. Perioperative arginine-supplemented nutrition in malnourished patients with head and neck cancer improves long-term survival. Am J Clin Nutr. 2010;92(5):1151-6.
Bem legal esse artigo, gostei. Importante fazer uma alimentação com ingestão correta das bases alimentares para um bom funcionamento do organismo.
ResponderExcluirAbraços !